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Èsù Ija - O Èsù para a Guerra




Este é o quinto texto sobre os tipos de Èsù no Meu Coração Africano e neste texto você vai aprender sobre uma face de Èsù, que se fala o nome dele em um tom de voz baixo, para que as pessoas ao redor não escutem. Um Èsù que pouquíssimas pessoas de fato no Brasil conhecem e têm acesso aos seus segredos.


É muito compreensível que seja assim, pois a cultura do BEM Vs. MAU que demoniza os nossos deuses, é a mesma que nos faz cegos para sermos presas fáceis.


É tão complexo, pois ao mesmo tempo que estamos tentando mostrar às pessoas que Èsù não é o Diabo, e jamais será, estamos negando a essência e o potencial de nossos poderes e ferramentas que nos empoderam e nos fazem fortes e resilientes diante de uma batalha. Talvez tenhamos que parar de tentar convencer quem está de fora que não somos demoníacos e começar a fortalecer quem está dentro. Pois a verdade é que é conveniente e lucrativo que eles continuem expulsando Èsù do corpo das pessoas.

A grande questão é que enquanto as pessoas enxergarem a vida através de uma lente cristã, de culpa e servidão, continuaremos falando o nome Esu Ija, baixinho para que ninguém escute.


Si Vis Pacem, Para Bellum



A luta contra as adversidades e o alcance pela vitória tornam o ser humano feliz. Isso é inegável e visceral. Nos tempos antigos nossos ancestrais necessitavam do máximo de ferramentas possíveis para conseguirem expandir os seus domínios e suas propriedades, com o intuito de fazer valer os seus desejos, aumentando seu status e reconhecimento na comunidade. Uma luta pela sobrevivência e pelo posto de Leão.


O tempo passou e acreditamos que evoluímos. Na verdade as nossas necessidades, teoricamente são outras, mas os nossos instintos continuam sendo os mesmos. Podemos não estar mais lutando para conquistar uma cidade vizinha, mas continuamos em batalhas para conquistarmos nossos objetivos, os de nossa família, amigos e clientes.



O desejo pela conquista permanece, assim como o instinto de territorialidade. Para os que lutam e conquistam há sempre o ônus da inveja, da cobiça, da ingratidão, da difamação, da falsidade e de inúmeros fatores que podem desestabilizar nossas conquistas, trazendo perdas e desequilíbrios à nossa vida.


A verdade é que a vida é sim uma selva, com a sua própria cadeia alimentar e isso se espelha em nosso cotidiano de 2021, onde os mais fortes e os mais bem equipados sobreviverão. A diferença não é como você luta, mas pelo quê. A diferença entre um guerreiro com honra e um covarde sem escrúpulos, são os fins e os desígnios da guerra.


Dentro da Religião Tradicional Yoruba, ainda que o sacerdote possua inúmeros recursos para evitar uma guerra e disputas desnecessárias, existem momentos em que a mesma se torna inevitável, e que por mais que a evitemos, o inimigo continua avançando em nossa direção, buscando se apropriar de tudo aquilo que demoramos uma vida para conquistar. É nesse momento, como um dos últimos recursos do sacerdote que ele utiliza o Èsù Ija, aquele que foi preparado para a guerra, o feiticeiro infalível que jamais perdeu uma batalha.




Preparado com elementos altamente complexos, escassos, difíceis de se conseguir e dotado de muito àse, Èsù Ija é empregado e empenhado para desestabilizar o inimigo, muitas vezes fazendo com que as defesas do mesmo comecem a trabalhar contra ele mesmo.


Este Èsù possui uma alta carga energética, que inclusive é capaz de desestabilizar todo um ambiente, e por este motivo, nos tempos antigos nossos anciões costumavam deixá-lo em um lugar secreto, escuro, na floresta. Indo até ele para alimentá-lo periodicamente, com a finalidade de manter essa força e àse sempre ativa e pronta para ser utilizada, nos momentos de extrema necessidade.



Atualmente os poucos sacerdotes que conhecem os segredos de Esu Ija tem por hábito e resguardo, para manter a segurança, deixá-lo guardado em locais muito específicos, muitas vezes enterrados em sua propriedade ou nos pés de uma árvore no fundo de sua casa, ou em último caso em um quarto ou espaço preparado exclusivamente para ele, longe dos olhos de todos.

De acordo com o que aprendemos com nossos ancestrais, Esu Arija é preparado de duas maneiras distintas, ainda que existam inúmeras maneiras diferentes, baseadas no segredo que foi preservado por nossos Mestres.


Èsù Arija ou Èsù Ija, normalmente é utilizado para a guerra, para atacar, ou devolver um ataque sem piedade ao inimigo. Ele possui a força e o àse necessário para os fins mais radicais que se possa listar, se for necessário até mesmo a morte. Seu combustível principal é o Adi que juntamente com outros elementos, faz com que esse Èsù seja implacável e impiedoso contra a sua vítima.



Esu Abilu ou Esu Buruku, são tão mortais e eficazes quanto o Èsù Ija, mas normalmente enviam sua mensagem em um preparado específico conhecido como Abilu ou Ase Buruku, sendo utilizado também para uma infinidade de magias de ataque que buscam desestabilizar, separar, enlouquecer, absorver a sorte e as possibilidades de nossos inimigos até por fim derrotá-los.


É necessário trazer de maneira figurativa que assim como a faca e o revólver não reconhecem o seu dono, ou aquele que os forjou, o mesmo acontece com esse Èsù em específico, por isso os sacerdotes que realmente conhecem esse segredo, os guardam a sete chaves, pois tem conhecimento que aquilo que entregam hoje, pode ser o seu final, amanhã.



Talvez agora ao chegar no fim deste texto, você esteja reflexivo e este seja o momento indispensável de dizer que se você escolheu a religião, a fé/culto aos Òrìsà é importante lembrar novamente que a vida é uma selva, que por mais que muitos tentem enevoar os Orisa com uma aura angelical, vinda da cultura cristã que forma ovelhas para seguir o rebanho, os nossos deuses são guerreiros. Ogun é o Orisa desbravador sim, mas ele também é Orisa que não se banha com água e sim com sangue, Oya e Sango não têm piedade de seus adversários, Esu jamais escolhe um lado e as Grandes Mães atacam e arrancam os olhos dos desleais. Isso nunca foi escondido, o romantismo é ocidental. E como selva, na maioria das vezes você não precisará atacar, mas quem precisa se defender, também precisa saber os segredos da guerra.


Que Esu nos favoreça e nos apoie.


Iyalorisa Ifasola Ẹgbẹ́kẹ́mi

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