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A Consulta Oracular e o Dafa Dariji - O ritual do perdão

Fernângeli Aguiar



Quando vamos em busca de uma consulta oracular, vamos em busca de respostas para as nossas questões pessoais, muitos de nós se perdeu no caminho, e precisa desanuviar os olhos e a compreensão para que se consiga seguir em frente por um caminho que nos leve ao cumprimento de nossa missão em ayé. Precisamos de uma direção. É tudo o que mais queremos, um direcionamento.


É no momento da consulta que colocamos as nossas dores e a nossa própria vida nas mãos dos Òrìṣà, e com a mais perfeita confiança, esperamos uma direção. Naquele momento o coração acelera, a respiração fica mais profunda e vários sentimentos dúbios nos invadem como a esperança e o medo. O segundo que antecede a fala, entre invocações e lançamentos, parecem ser eternos. Não é à toa que pedimos ajuda, pois há Òrìṣà como Èṣù, por exemplo, que nos acompanha em nossa jornada, que não nos abandona nos momentos difíceis e nos concede bênçãos, atraindo o movimento ao nosso redor para que cumpramos com o nosso destino nesta vida. Neste propósito Èṣù é conhecido como Atẹ̀lé Ẹlẹ́dàá - Aquele que segue e acompanha o nosso Criador, Orí Ẹlẹ́dàá, em sua missão em ayé.

Sim, temos a sorte de caminharmos com os Òrìṣà em nossas vidas. Temos um meio de orientação oracular que nos possibilita receber mensagens do nosso Orí, dos Òrìṣà e da Ancestralidade. Em minha opinião, o mais completo oráculo de todos, que respeita o livre arbítrio, em que a intuição não faz parte - o que diminui a possibilidade de erros - pois a intuição varia de acordo com o humor do sacerdote, e o único oráculo - que conheço - que traz as soluções das questões que foram reveladas. Portanto precisamos identificar que dentro do sistema oracular Yorúbà temos: 1. A identificação de uma situação, que precisa ser curada, apaziguada ou zelada.

2. A orientação tem o intuito de moldar as condutas e o comportamento, que é a primeira solução. - Vou parafrasear um pouco aqui. Muitos dos nossos problemas são gerados por nós mesmos através de nossas ações. Se as atitudes não mudam, os problemas voltarão. Sendo assim, mesmo que se faça o ebó indicado, aproximadamente 3 meses depois os problemas retornarão. 3. Nos traz a solução ritualística, no caso: O Ebó. Era muito comum nas décadas de 70, 80 e 90, e creio que anteriormente, que os nossos mais velhos nos falassem que se uma pessoa fizesse uma consulta aos búzios, e não fizesse o ebó, ela sofreria as penas.


Isso é verdade?

Dentro da prática oracular existe um ritual chamado: Dafa Dariji ou Dafa Idariji, ou trazendo para o português o ritual do perdão.


Quando eu estava na Nigéria, participei de alguns rituais em que é uma prática cultural local se agradecer por tudo o que é recebido, essa gratidão normalmente é feita através de dinheiro.


Num Festival em participei na rua, um homem vestido de Èṣù se aproximou de mim e começou a dançar na minha frente (ele não estava incorporado, mas era um devoto de Èṣù, segundo o meu Bàbá), os homens nos tambores o acompanhavam e todos estavam muito alegres e dançando. Foi tão lindo e forte, que se fosse um desavisado, capaz de até ter "bolado no santo" - Desculpa eu não resisti. No final da apresentação particular, ele me abençoou e estendeu a mão como quem pede dinheiro. Tratava-se de uma apresentação cultural, como os repentistas do nosso Nordeste maravilhoso.


No entanto, dentro do contexto cultural Yorùbá, está a crença dentro do in/consciente coletivo de que a vida é uma troca. Entenda que ninguém é capaz de doar-se por muito tempo sem receber nada em troca, nem mesmo os deuses. Certo ou errado para cada um de nós, é importante lembrar que a religião é também uma expressão cultural, e está preenchida por crenças, comportamentos e costumes do povo de origem. Desconheço a palavra Caridade em Yorùbá, eles conhecem a palavra generosidade.


Em terras Yorùbá é possível aprender com os antigos e com os novos que cada vez que nós sacerdotes(isas), revelamos um infortúnio durante uma consulta, e que esse infortúnio está presente na vida do consulente e o consulente não faz o ebó, recebemos uma marcação negativa da espiritualidade. Devido a isso um dos principais recursos do sacerdote no momento divinatório seria o Dafa Dariji/Daraji ou Idariji (perdão em Yorùbá) um conjunto de orações e encantamentos que possuem a finalidade de isentar o sacerdote de qualquer responsabilidade pelo não cumprimento das recomendações oraculares no momento em que se entra em contato com o sagrado.


Assim como também há regiões que ensinam que o Dariji/Idariji pode ser usado pelo próprio sacerdote, quando ele necessita frequentemente de alguma resposta oracular, em uma situação crítica que demande um constante acompanhamento, para que assim, o mesmo não tenha que realizar os sacrifícios enquanto consultava o andamento da situação.


Então dividindo opiniões, há uma crença que diz que: “Uma dívida é criada” e será cobrada de ambas as partes. Como também há quem acredite que essa dívida é apenas do Sacerdote, pois o/a sacerdote/isa recebe pela consulta oracular, logo a dívida é apenas dele. Problemas para o consulente acontecerão naturalmente, pois se ele foi alertado sobre um cenário e nada faz, nada irá mudar e o negativo irá vir para a vida dele prontamente. Como alguém que corre em direção ao precipício, é avisado, mas não muda de direção e continua indo na mesma direção. A gente já sabe o que irá acontecer.


Parte de uma das orações do Dariji diz o seguinte:

… A luz que precede apaziguamento, Orunmila me alivia de minha obrigação

Eu peço que me isente de minha obrigação …


Sendo assim e respondendo a pergunta: Se uma pessoa faz a consulta e não faz o ebó ela será penalizada?


Como tudo em nossa crença, não existe apenas uma verdade. Há locais que creem que sim e outros que creem que não. Você pode perguntar ao seu Babalawo/Iyanifa ou Iyalorisa/Babalorisa como funciona essa crença em sua família.


Nossa fé é linda, completa, rica, complexa e cheia de meandros. Somos um Universo inteiro de crença, esperança, fé e destino.

Estude e leia publicações de confiança. Não permita-se ser enganado. Iyalorisa Ifasola Ẹgbẹ́kẹ́mi


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