O Meu Coração Africano mudou a minha vida e tem mudado a vida de algumas pessoas. Nunca conheci tantas pessoas em tão pouco tempo e jamais imaginei que isso poderia acontecer um dia. Ouvi histórias incríveis de força e luta, assim como algumas que me fizeram ter vontade de passar para o outro lado do computador e chorar junto com a pessoa e abraçá-la por uma vida e dar a ela todo apoio possível.
O que eu mais desejo com esta página é causar o despertar da concepção de Ori na vida das pessoas. Perdemos muito tempo da vida procurando respostas no lugar errado. Presunção minha? Talvez. Cada um luta pelo que acredita. E eu sou dessas que perco a esperança as vezes, mas sempre retorno com muito mais força.
Você não tem ideia da quantidade de pessoas que conheci, que relatam que estão com a vida lascada, no fundo do poço e continuam cavando mais fundo, por que fizeram o santo (orixá) errado em suas iniciações. Minhas mãos ficam geladas, meu coração acelera e eu tenho uma pequena crise de raiva, em que me pergunto: O que fizeram com o culto aos orixás?
Você já imaginou, o que as pessoas de fora, de outras religiões, pensam ao ouvir que uma pessoa se sacralizou a um orixá e perdeu tudo, ficou doente, sofreu um acidente, acabou o casamento, teve duas filhas violentadas sexualmente, perdeu o emprego, perdeu a casa, foi diagnosticado com uma doença terminal e tantas outras coisas. Sério… se eu fosse de uma outra religião e escutasse uma coisa dessa, com toda certeza eu pensaria que a tal macumba de fato não é coisa de Deus. Se coloque por um minuto, fora da situação, fora da religião e analise o quão absurdo isso pode ser.
Se não me engano, já relatei em outro texto, que passei por isso. Fui iniciada para Oxum, mas achava que era de Ogum. Isso tudo porque a manifestação de Oxum sempre foi guerreira e de muita força, com momentos, alguns momentos de sensualidade e leveza. Oxum nunca se manifestou como um bibelô fofinho, e fui muito criticada por isso, como se tivesse total controle. Hoje sei que devo ignorar o que as pessoas dizem quando tenho certeza das minhas verdades espirituais. Seja quem for.
O que tenho aprendido, dia após dia, é que a vida pisa com vontade em todos que se lamentam, reclamam e terceirizam suas responsabilidades. Quer motivo pra reclamar? Tome aqui mais um pouquinho! Assim como ela glorifica todos aqueles que lutam. Prefiro ser vista como alguém que lutou até o final, do que como quem desistiu antes mesmo de tentar. Sei que quando as coisas não dão certo, buscamos respostas intangíveis e mirabolantes, mas a maioria das vezes, os problemas de nossas vidas estão nas nossas atitudes e pensamentos, alguns que cultivamos até mesmo inconscientemente. O que fazemos quando queremos uma resposta? Onde procuramos antes mesmo procurar uma resposta em nós mesmos?
Buscamos o/a pai/mãe de santo. Eles abrem o jogo e dá-lhe ebó! (Lembrando que para todas as vezes que se abre o jogo para alguém um ebó será indicado) No entanto, na maioria das vezes, os problemas de nossas vidas estão ao alcance de nós mesmos resolvermos, e não é necessário gastar R$1,00 com ebó nenhum. E se nada dá certo, ainda responsabilizamos os nossos sacerdotes e os orixás. Se houve uma iniciação recente então, aí que é certeza de que a culpa é do Orixá.
Vou te convidar a conhecer um caso típico comigo.
Maria está em busca de um Ilê Axé. Uma Mãe de Santo jogou e disse que ela era de Yemoja (Iemanjá), a grande protetora dos nossos Oris, o orixá maternal. Mas ela sempre achou que era de Oyá (Iansã), a grande Ìyágbá guerreira e corajosa. Como ela não ficou convencida procurou outra pessoa para jogar e a mesma disse que ela era de Oyá. Pronto! Foi lá que ela fez a iniciação dela.
Logo em seguida, três meses depois, ela perdeu o emprego e se separou. Mesmo que ela não gostasse do emprego e não se dedicasse a ele, e que o casamento dela estivesse em ruínas há tempos. Ela não conseguiu aceitar os acontecimentos. O que ela vai pensar? Que fez o orixá errado, e que a primeira Ìyálòórìsá deveria estar certa, e ela devia mesmo ser de Yemoja.
Esta é uma história comum entre as pessoas de Orixá.
A maioria das pessoas acabam por condenar a própria vida a uma sentença quase que de morte por causa do ocorrido. Começam insanamente a recorrer a todos os tipos de sacerdotes, acabam saindo de seus ilês e ficam correndo o mundo para consertar o tal equívoco. E como é comum, os sacerdotes irão condenar o sacerdócio do outro. E aja dinheiro para consertar tanta coisa.
Falamos sobre pessoas. Agora vamos falar de Orixá. Reflita comigo.
Você acha mesmo que um orixá, energia divina criada por Eledunmare (Deus) te faria mal? Se você acredita nisso, tenho um conselho bem dolorido para te dar, mas que é para o seu bem: Mude de Crença. Já lutamos arduamente contra o preconceito externo, não precisamos de pessoas que acreditem que Orixá é capaz de querer o mal a um devoto.
Compreendo e acredito que de acordo com o nosso predestino, podemos precisar mais da energia de um Orixá do que de outro para alcançarmos os nossos objetivos, mas NUNCA um Orixá faria mal a vida de um devoto. Quando você é iniciado em um Orixá você deve receber o seu axé, a sua força, os seus atributos, que entrarão em equilíbrio com o seu Ori e seu Ara (corpo).
No Candomblé é comum que as pessoas sejam iniciadas em apenas um Orixá, e recebam os igbas e assentamentos de outros. No Ìsésé Làgbá, da minha linhagem, os devotos são iniciados em 3, 4, 5 orixás, dependendo do Odu Ifá da pessoa, em mais de 10. Estamos todos muito bem, com as iniciações em tantos Orixás, e sempre estamos ansiosos por poder fazer mais algum. Lembrando que todo o processo de iniciação, liturgicamente, é diferente do culto afro-brasileiro, mas o Orixá, a energia é a mesma.
Mas o Candomblé está errado? Não!!
Então pense comigo, nenhum Orixá iniciado em um filho faz mal a ele. O único Orixá capaz de sabotar a vida de um filho, chama-se Ori. Que funciona com a dinâmica: Eu Penso. Eu Acredito. Eu ajo. Eu Realizo. Somos o que construímos em nossa vida, e os Orixás SEMPRE respeitarão o nosso livre arbítrio, mesmo que ele seja contra nós mesmos. Esse é o poder que temos dentro de nós, como diz o meu pai: “Ori é o nosso Deus interior em estado de ignorância, pois somos todos ignorantes no que desconhecemos”.
Se o orixá foi iniciado de modo equivocado por não ter recebido todos os Axé, ritual e ritualística necessárias, aí já é outra história. Lembre-se que a responsabilidade também pode ser sua por ter confiado o seu caminho à alguém que não estava preparado para essa função. Por isso se faz necessário passar pelo tempo de visitante, abian, para termos condições de observar, discernir e aprender.
Se quisermos achar os motivos pelos quais a nossa vida pode não estar prosperando, o primeiro lugar a procurarmos é em nossa volta, em nossas atitudes ou na falta delas. Precisamos ter coragem, o olhar frio e racional para refletir e fazer uma ressonância em nós mesmos. Pense nas suas escolhas, observe seus pensamentos. O que você está atraindo para a sua vida?
O melhor conselho, se você me permite externá-lo agora é: Estude e aprenda o que puder sobre Ori e Egbé .
Se você conhece alguém que tenha uma história parecida como esta e equivocadamente vem sofrendo porque acha que foi iniciada no Orixá errado, gostaria de lhe fazer um precioso pedido:
Compartilhe esse texto com ela, pode ser in box ou por e-mail, não precisa divulgar a página.
Ori Ire O
Ifasolá
Fontes:
Referência Oral: Bàbáloòrisá Fernando Ifaseun , Sacerdote do Egbé Àiyé Templo dos Deuses Africanos - Filiado ao Oduduwa Templo dos Orixás em Brasília - DF
Imagem 01: Pinterest, artista não identificado.
Um mimo para você que leu este texto enorme até o final salvar no seu celular ou computador, pra te inspirar pelas manhãs: