Quantas vezes nos últimos tempos você estava olhando a sua timeline no Facebook ou navegando na internet e leu ofensas aos costumes que o seu Ilê pratica com respeito, fé e amor? Há muitas pessoas na internet querendo falar e cooperar com informações sobre Orixá, sim eu sou uma delas, e poucas tem esse gesto no impulso de compartilhar conhecimento e informação num intuito generoso, sem uma pretensão de estabelecer uma verdade absoluta.
Também temos uma parcela desses informadores que buscam expor seu conhecimento como um modo de buscar novos filhos e clientes, e isso não é um problema. Sabe qual é o problema? Conteúdos absolutistas e ditadores.
É cansativo sim, e a gente precisa falar sobre isso.
Por isso te convido à pensar comigo e refletir.
É de senso comum na crença Yorùbá que Olokun, por exemplo, é o Orixá do oceano. Não faz parte desse senso que Olokun é um Orixá masculino, pois em alguns lugares Olokun é feminino, portanto esta é uma crença regionalizada, que varia de um canto ao outro. No entanto, Olokun é homenageado(a) em lindos e grandiosos festivais na terra Yorùbá, em que fiéis de todas as partes do país saem de suas casas para prestar deferência, para pedir e agradecer a este(a) Orixá. Mesmo que o Sacerdote que esteja conduzindo o ritual tenha uma crença diferente do devoto que foi fazer a sua prece, muitos estarão lá !
Sabe porquê?
Porque o importante é o Orixá.
Porque o importante é a fé.
Em Yorubaland não há uma unicidade de opiniões sobre os Orixás e seus contos, e mesmo discordando, existe respeito. Porque eles também sabem que se eu for à beira do mar e cantar: Ó senhora do oceano, ventre e berço da vida na terra. Me abençoe!!! Olokun vai atender, e se e eu for molhar meus pés e meu Ori, com a água do mar e cantar: Senhor que é infinito aos olhos, que se deita na imensidão. Grande pai ! Me abençoe!!! Olokun também vai me atender.
Então eu penso: Se não há uma guerra por quem está certo ou errado, na nascente dos Orixás e se Orixá é inteligente o suficiente para atender e reconhecer uma verdadeira súplica de um filho, independente da forma como ele o chama... alguém me explica por favor: Por que existe tanta briga por quem está certo ou errado?
Por que há tantos embaixadores da verdade na internet? Por que há tantas ofensas diretas e indiretas?
Por que cada um não se ocupa em dar o melhor de si, ou invés de procurar o defeito do outro?
Por que é tão importante falar mal do trabalho dos outros? Por que as pessoas precisam deslegitimar o trabalho de alguém para legitimar o seu?
Claro que precisamos nos ajudar a desmascarar os que se aproveitam da fé alheia, que não são Sacerdotes e sim manipuladores, golpistas obcecados pelo poder. Esses não possuem devoção pelos Orixás e sim pelo dinheiro.
A inteligência de Orixá vai muito muito além da nossa compreensão. Eu passei mais de 2 décadas saudando Osun da forma errada! Dizendo Ora Yeye o! Ou invés de Ore Yeye O! E ela nunca deixou de aparar com as mãos as minhas lágrimas.
Este texto é um apelo. Não compartilhem o ódio, a disputa, a competitividade d@s senhor@s da verdade. Compartilhem conhecimento com respeito, compartilhem a continuidade dos nossos Deuses sem generalizações. A inteligência do Orixá é divina, a nossa ignorância sempre nos leva para caminhos solitários.
A Umbanda está certa!
O Candomblé está certo!
O Batuque está certo!
O Culto Tradicional, também.
Errados são os que sempre querem estar certos.
Pensem sobre isso.
Vamos no fluxo oposto do desrespeito. Vamos nos concentrar em dar o melhor de nós mesmo. Vamos espalhar tolerância e respeitar a fé.
Ọ̀nà’ re o - (Um bom caminho para você)
IfáṢọlà Sówùnmí - Fernângeli Aguiar
Saiba mais sobre a autora da página AQUI. Caso você queira sugerir temas para futuros textos do Meu Coração Africano, envie
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MUDANDO DE ASSUNTO
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